Desvio de dinheiro público. Será que é tarefa difícil identificar um corrupto?

- por
  • Compartilhe:

O País inteiro tem presenciado nos últimos anos a maior crise moral e ética na política partidária. Prova disso, é que, recentemente, a maior autoridade pública do Poder Executivo brasileiro, a ex-presidente Dilma Rousseff, do PT, foi cassada por meio de um processo de impeachment, pelo cometimento de fatos graves praticados contra o patrimônio público, como a ocorrência de crime de responsabilidade fiscal e por editar decretos de créditos suplementares sem a autorização do Poder Legislativo. Para se ter uma ideia da crise, a operação Lava Jato, iniciada em 17 de março de 2014, no Paraná, já é considerada a maior investigação sobre corrupção conduzida até hoje na história do Brasil, visto que, segundo o Ministério Público, o esquema beneficiava políticos e empresários através de contratos superfaturados para permitir o desvio de dinheiro dos cofres da Petrobras.

Porém, essa vergonhosa realidade descoberta pela operação Lava Jato se dá apenas no plano federal, pelo menos até o presente momento. Por conta disso, indaga-se: e no âmbito municipal, quando chegará a hora de desmascarar aqueles que montam esquema para desviar recursos públicos por meio de contratos superfaturados? Será que é tarefa difícil identificar um prefeito e empresários que desviam recursos públicos para enricar ilicitamente? No caso do superfaturamento de contratos, por exemplo, vale esclarecer que este modo de lesar o erário é comum que aconteça com a aparência de legal e sob o pretexto de que tudo foi antecedido de licitação, como se a proposta vencedora fosse realmente a mais vantajosa. No entanto, o que ocorre nos bastidores de alguns procedimentos administrativos é bem mais crítico do que se imagina. Pois, muitas vezes o superfaturamento vem disfarçado de uma contratação lícita, mas em verdade o que se verifica é que o Município pagará mais de que pagaria em condições normais de negociação no mercado.

Quando isso acontece, quando a prefeitura contrata serviços ou compra produtos por preços notoriamente mais caros do que os praticados no mercado, duas situações graves são identificadas: primeiro, a Administração Pública, que remunera o prefeito para cuidar e bem zelar dela própria, sofre prejuízo financeiro decorrente de negócio superfaturado e muitas vezes ainda é penalizada com a má qualidade do serviço público ofertado, como exemplo, a falta de verba para remunerar todos os professores em conformidade com o piso nacional e falta do transporte escolar ou a prestação insuficiente do referido serviço, que assola a educação e, por consequência, dizima o sonho transformador de uma sociedade, além de afetar outros setores vitais para a população como a saúde pública, por exemplo. Em segundo lugar, quando um vencedor de uma licitação pratica preços radicalmente superiores ao de mercado, além de ocorrer um dano ao erário, pode ocorrer também a facilitação para que o agente público e empresários sejam beneficiados com dinheiro indevido e desviado.

Existem situações em que superfaturamento é flagrante e não há a necessidade de prova pericial para se comprovar o abuso, como por exemplo, no caso do transporte escolar ocasião em que uma prefeitura paga algo em torno de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) por mês a uma determinada empresa, valor este que daria para comprar dois ônibus escolares novos em média todo mês, ou seja, seria melhor o município investir numa frota de veículos escolares próprios do que alugar o transporte por preços superfaturados. É simples verificar o superfaturamento manifesto, basta ver que existem casos completamente desafiadores dos órgãos de fiscalização do Ente Público, pois tem situação em que o gestor não sente qualquer pudor em comprar um produto pelo dobro do preço que o mercado oferece. É exatamente por esse caminho que alguns prefeitos enricam e formam patrimônios milionários a custa exclusiva da política desonesta.

Entretanto, o prefeito que usufrui de vantagem econômica ilícita normalmente faz de tudo para desviar a atenção da população quanto ao seu patrimônio anormal. Basta ver que alguns desses corruptos realizam negócios elitizados fora do município em que faz política, investindo, por exemplo, em apartamentos, casas e pontos comerciais luxuosos, mas, na cidade onde ocupa cargo público, tenta aparentar uma vida simples, morando de aluguel e frequentando lugares populares na mesquinha tentativa de tapear a coletividade. Outra característica do prefeito desviador de recursos é que ele antipatiza servidores concursados porque prefere contratar sem concurso a fim de “escravizar” servidores temporários quanto à retirada de direitos, redução arbitrária de salários, proibição de críticas e denúncias, além da perseguição e assédio moral em período eleitoral. O que um prefeito desviador realmente reverencia são os bajuladores oficiais, estes na verdade são idolatrados porque ao invés de trabalhar para o bem comum, recebem dinheiro público exclusivamente para vigiar as redes sociais e atacar e intimidar de modo desleal os que pensam diferente, até mesmo a família e a vida pessoal de adversários, se for necessário, objetivando somente adular, ainda que se faça um papel de ridículo e tudo isso em detrimento daquilo que realmente interessa: serviços públicos de qualidade para todos e respeito com os servidores e com a população em geral.

Portanto, com a contratação superfaturada, além de enricar ilicitamente o prefeito e empresários, causa grave lesão ao erário e ainda provoca a precariedade dos serviços prestados pelo município. Afora tudo isso, não é raro perceber que o gestor corrupto tenta a todo custo ludibriar a população com medidas unicamente dissimuladas como a mera pintura e reparos de praças na tentativa de confundir o povo e aliviar a repercussão da sangria dos cofres da prefeitura. Mas, todo o despautério não para por aí, pois ainda é comum entre os prefeitos corruptos usar o poder para favorecer e promover prioritariamente seus familiares, tais como o cônjuge e filhas e filhos. Nesse caso, o povo, na verdade, fica sempre em último plano ou até mesmo em plano nenhum. Todavia, o superfaturamento de preços e o enriquecimento irregular dos prefeitos que sobrevivem dessa vergonhosa conduta poderão em breve chegar ao fim e quem sabe com uma grande Lava Jato na esfera municipal brasileira. Porém enquanto essas operações não chegam aos municípios, os eleitores precisam votar melhor e eleger pessoas realmente comprometidas com o trabalho e a honestidade que a população busca.

 



Por Herley Nunes
Email: monolitosquixada@gmail.com




Comentários

Os comentários abaixo não representam a opinião do Monólitos Post; a responsabilidade é do autor da mensagem.
  1. O povo nesse caso , falta com responsabilidade ;por não ter interesse algum em levar à serio a politica .
    Enquanto o povo não entender que é à politica move esse país , vamos continuá tendo desviu de dinheiro em todas as esferas .

  2. O pior é você ver esses corruptos no poder fazendo toda essa lambança na cara dos eleitores e mesmo assim nada é feito! Como sempre falo em meus comentários…. esse perfeito de Quixada é claramente um corrupto!!! Mas mesmo assim consegue se safar de qualquer condenação!! Sei lá… Só queria ver justiça sendo feita!! Os concursados todos em seus devidos cargos… já faz mais de um ano qie fazemos aquela p prova e ainda hoje não tivemos o direito de assumir o qie a LEI nos garante o direito!! Isso é mais do qie revoltante!! Ele só vive fazendo cagada nessa prefeitura, deveriam expulsar logo esse palhaço!!

Deixe seu comentário

Os comentários do site Monólitos Post tem como objetivo promover o debate acerca dos assuntos tratados em cada reportagem.
O conteúdo de cada comentário é de única e exclusiva responsabilidade civil e penal do cadastrado.