INACREDITÁVEL: Na gestão petista de Quixadá, podador de árvores ganha mais do que psicólogo e dentista

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A disparidade nos proventos pagos a profissionais que trabalham na Prefeitura de Quixadá, na gestão do prefeito Ilário Marques (PT), mostra uma realidade difícil de entender. A partir de dados do Portal da Transparência, um levantamento feito pelo Monólitos Post mostra que trabalhadores de nível superior ganham menos do que aqueles que atuam tendo como estudo apenas o ensino fundamental, uma situação que põe em xeque a isonomia no processo de gratificação dos funcionários e levanta a suspeita do uso da máquina pública para possíveis negociações pessoais e eleitoreiras.

Um exemplo está em um profissional, lotado a partir de março deste ano, como podador de árvores. O profissional não é concursado e, por tanto, foi contratado para começar a trabalhar este ano. Seus dois primeiros meses de trabalho foram na Secretaria de Educação. Em março, ganhou R$ 452 e em abril, um salário mínimo. A partir de maio e até agosto, o mesmo profissional foi realocado para trabalhar como podador na Unidade de Covid-19, mas com uma grande diferença em seus proventos.

Durante quatro meses ele teve aumentos consecutivos no salário. Em maio, passou a receber no total o valor de R$ 926. Em junho o valor foi para R$ 1.724,25. No mês seguinte o salário passou de R$ 2.240 e em julho teve mais um aumento, indo para o total de R$ 2.284,50. De setembro até novembro último, conforme os dados do Portal da Transparência, o mesmo funcionário foi realocado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). E por lá, como podador, no último mês chegou a ganhar R$ 2.319,50.

Não é comum encontrar lugares onde um podador de árvores que ganhe mais de R$ 2 mil por mês, por isso causa estranheza notar que em Quixadá o município esteja disposto a pagar um valor tão alto a alguém. Num comparativo com outros cargos, a situação se mostra ainda mais questionadora: veja por exemplo o caso de uma psicóloga que atua no município pelo Centro de Referência da Assistência Social (Cras). O Portal da Transparência mostra que ela ganha R$ 1.900. Até mesmo um dentista do município, ganha menos: cerca de R$ 2.000 enquanto o podador lucra R$ 2.300.

A disparidade nos valores pago aos profissionais pelo tesouro municipal, também mostram uma enorme falha no quesito gratificação de pessoal. Uma enfermeira que exerce cargo de diretora de enfermagem da UPA, tem como gratificação apenas R$ 1.500, menos também que o profissional podador de árvores. Para se ter uma ideia, um procurador do município estaria recebendo R$ 4.000. O valor do profissional da polda de árvores da UPA, dá mais que a metade do profissional de direito.

Tamanha diferença levanta a suspeita de que a máquina pública estivesse sendo utilizada para outros fins, possivelmente o de interesse pessoal. Profissionais de larga carreira no serviço público podem chegar a ganhar muito, mesmo tendo o salário base a nível médio, com benefícios como quinquênio, portarias e aumento por tempo de serviço. Mas não parece ser este caso. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) em auditoria recente na prefeitura de Quixadá, encontrou falhas e problemas que levou o órgão a cobrar respostas do gestor. Esta é mais uma que ele deve explicações.

O nome dos profissionais envolvidos no levantamento de dados para esta reportagem serão omitidos em respeito aos envolvidos.




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