Monólitos Post

Os grupos políticos do Deputado Osmar Baquit e do ex-prefeito Ilário Marques ainda não se reconhecem oficialmente como aliados. Estiveram juntos pela eleição de Camilo Santana e permanecem afinados na oposição ao prefeito de Quixadá, João Hudson Bezerra.

Na câmara municipal, por exemplo, as posições estão cada vez mais claras, e os vereadores aliados a Ilário e Osmar não precisam ler nas entrelinhas qual é a vontade de seus líderes. Opor-se ao prefeito é a ordem geral que rege todos os seus movimentos.

No ínterim, um fenômeno estranho, para se dizer o mínimo, parece nascer a partir dos atritos das peças no tabuleiro.

Tido como inexperiente e de pouco arrojo político, João Hudson vai demonstrando, a contragosto de todos os prognósticos, que sabe se virar na batalha. O que não quer dizer – pelo menos não ainda -, que isto significa algo de bom para a população. A gestão continua capenga, incrivelmente debilitada e ineficiente. Porém, ensaia movimentos de recuperação.

Até que ponto João Hudson conseguirá se estabilizar e tomar definitivamente as rédeas do cargo? E até que ponto conseguirá reverter sua desastrosa administração e alinhá-la de forma a produzir benefícios concretos para população? Resta esperar para saber. O certo é que a quebra de aliança com Osmar Baquit parece ter ajudado o prefeito. Mesmo que a oposição tenha aumentado a musculatura com a ida do grupo do Deputado para seu bojo, é válido admitir que a saída dele também produziu o efeito de oxigenar a prefeitura.

Os efeitos do ensaio de recuperação levado a cabo pela administração ainda não estão sendo plenamente sentidos pelo povo. Mas se João começar a ouvir pessoas realmente capacitadas em áreas estratégicas, a exemplo do que faz na área da educação, que tem um técnico no comando da pasta, os movimentos para cima poderão começar a ser notados rapidamente, e tenderão a dar muito mais trabalho para a oposição. De quebra, ainda dará o recado de que as limitações da máquina nestes primeiros dois anos possivelmente deveu-se ao fenômeno da interferência política de aliados, algo que já aconteceu em outras administrações.

Para chegar a este ponto, no entanto, precisa primeiro reconhecer que sua gestão não é boa. Na verdade, tem sido péssima sob muitos aspectos. A população tem enorme rejeição ao nome do chefe do executivo. Reconhecido tudo isto, poderá o gestor passar à fase de determinar quais sacrifícios precisará fazer para colocar o trem nos trilhos. Doa a quem doer.

Na saúde, por exemplo, João precisa demitir muita gente que não influi nem contribui para melhorar a atual realidade desanimadora. Gente que bate ponto, leva o salário no fim do mês e não modifica em nada coisa nenhuma. Precisa entender que cortar gastos desnecessários – todos os gastos desnecessários -, mesmo produzindo desagrado em algumas fileiras de demitidos, terá o efeito de trazer praticidade e maior eficiência a área mais sensível de sua gestão, o que pode alterar o conceito que milhares de cidadãos que anseiam desesperadamente por tempos melhores tem sobre a gestão do município.

Claro que João terá que desagradar alguns vereadores que alimentam seu eleitorado com um favorzinho aqui e acolá. Precisará ter jogo de cintura para mostrar a estes que o mais importante para todos é o bem estar geral do município. Que é com isto que todos realmente saem ganhando mais. Em casos mais graves, terá que dar um murro na mesa e levantar a voz. Os gatinhos é que esperam a gata amamentar, não o contrário.

João Hudson sabe que todo o seu futuro político depende da maneira como agirá nos próximos dois anos. Ou vira um líder de verdade, não apenas nas fotos da equipe de comunicação, ou nunca mais terá espaço na política quixadaense. O povo reconhece coragem na humildade de reconhecer erros. Será que o prefeito reconhecerá os seus? Agirá para corrigi-los? Aproveitará o rompimento com Osmar para trilhar um caminho mais produtivo?

Independente de posições partidárias, é o que todas as pessoas de bem esperam. Quixadá não merece um prefeito tímido, pouco prático e sem voz de comando. Ou João Hudson faz uma leitura realística da situação, ou deixa tudo como está, afinal, 2016 está bem ali.