O que está por trás da violência em Quixadá?

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A exemplo do que acontece em todas as partes do mundo, a violência em Quixadá não nasce de apenas um ou dois fatores, mas da confluência de múltiplos fatores que quase invariavelmente leva ao derramamento de sangue.

O que se segue não se destina a traçar um perfil completo das causas do problema, mas pode ajudar no debate acerca de quais políticas públicas são necessárias para conter a escalada da barbaridade.

(1) Baixa presença do poder público

Quando a presença do Poder Público é fraca, o crime consegue instalar-se mais facilmente. São os chamados espaços segregados, áreas em que a infra-estrutura urbana de equipamentos e serviços (saneamento básico, energia elétrica e iluminação pública, transporte, lazer, equipamentos culturais e segurança pública) é precária ou insuficiente.

(2) Envolvimento com traficantes

O tráfico de entorpecentes é o principal gerador e patrocinador da violência. É evidente que a redução (ou prevenção total) do tráfico de drogas é a chave para qualquer estratégia de combate à violência.  De fato, existe uma afinada e comprovada relação entre tráfico de drogas, roubos e furtos.

Mesmo assustada diante de tantos casos de execução a bala, grande parte da população de Quixadá vê esses crimes ocorrerem com certo distanciamento. É como se essa violência toda não atingisse o cidadão comum, que vê como alvos os pequenos traficantes, devedores do tráfico, presos ou egressos do sistema prisional. De certa forma, há alguma razão nesta maneira de enxergar a questão.

Porém, os efeitos perniciosos do tráfico se estendem por toda a sociedade, mesmo aos cidadãos de bem. Basta lembrar que grande quantidade dos assaltos e dos danos ao patrimônio público baseiam-se na necessidade de usuários alimentarem financeiramente o tráfico que, por sua vez, fornece àqueles os insumos que mantém os vícios, num ciclo gerador de intensa insegurança para todos.

Além disso, o risco do cidadão de bem se tornar uma vítima da violência cresce com o aumento da incidência de assaltos na cidade, porque o limite para que um roubo com arma de fogo se transforme em latrocínio é muito tênue. O tráfico ameaça toda a sociedade.

(3) Desestruturação familiar

Desestrutura familiar não quer dizer, necessariamente, ausência de pai ou de mãe; ou modelo familiar alternativo. A desestrutura tem a ver com as condições mínimas de afeto e convivência dentro da família, o que pode ocorrer em qualquer modelo familiar. Famílias sem afeto e, consequentemente, sem a comunicação destinada a educar, facilitam o desenvolvimento de atitudes violentas e tendências à hostilidade.

(4) Fácil acesso a armas de fogo

A disseminação das armas de fogo, principalmente de armas leves, contribui para o aumento de incidentes de grave violência. Discussões banais, como brigas familiares, de bar e até de trânsito, terminam em assassinato porque há uma arma de fogo envolvida. Em Quixadá é surpreendente a facilidade com que até mesmo adolescentes tem acesso a armas de fogo.

A segurança deve ser considerada um direito de cidadania, pois significa liberdade (respeito ao indivíduo) e ordem (respeito às leis e ao patrimônio), que são fundamentais para o desenvolvimento econômico e social, motivo pelo qual o poder púbico incumbido da defesa da sociedade deve continuar aprimorando-se na promoção de todas as práticas que ajudem a assegurar tais direitos fundamentais.




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