Durante uma autópsia, a seguinte carta* foi encontrada no bolso de um cadáver:
Exmº Sr. Delegado da Polícia:
Suicidei-me! Não culpe ninguém pela minha morte. Deixei esta vida porque um dia a mais que vivesse acabaria louco.
Eu explico, doutor: tive a desdita de me casar com uma viúva, a qual tinha uma filha; se soubesse isso jamais teria casado. Meu pai, para maior desgraça, era viúvo; e quis a fatalidade que ele se enamorasse e casasse com a filha da minha mulher.
Resultou daí que a minha mulher se tornou sogra do meu pai. A minha enteada ficou a ser minha mãe, e o meu pai ao mesmo tempo meu genro.
Após algum tempo, a minha filha pôs no mundo uma criança, que veio a ser meu irmão, porém, neto da minha mulher. Eu fiquei a ser avô do meu irmão. Passado mais algum tempo, a minha mulher pôs no mundo um menino que, como irmão da minha mãe, era cunhado de meu pai e tio do meu filho, passando minha mulher a ser nora da própria filha.
Eu, Senhor Delegado, fiquei a ser pai da minha mãe, tornando-me irmão dos meus filhos; a minha mulher ficou a ser minha avó, já que é mãe da minha mãe e, assim, acabei sendo avô de mim mesmo.
Portanto, como não sou homem de complicar a vida, antes que as coisas se complicassem mais, resolvi acabar tudo de vez.
Com tristeza,
Choronildo Cornuálio Sofrêncio
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*A carta é fictícia.
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