Os conselheiros dos pré-candidatos

- por
  • Compartilhe:

la-concienciaDar conselhos é uma arte. O conselheiro confiável é aquele que, antes de tudo, possui conhecimento do que fala e, obviamente, que tem notável circunspecção, discernimento, razoabilidade e, claro, que está completamente comprometido com o bem estar daquele a quem aconselha.

A palavra do conselheiro tem peso para quem se serve da sua sabedoria e, não raro, é definitiva para a tomada de certas decisões. É sábio buscar conselhos em várias situações, mas é ainda mais importante quando estamos para tomar decisões que podem afetar não somente a nós mesmos, mas também a outras pessoas. Assim, não é de se admirar que um antigo Provérbio bíblico diga que “na multidão de conselheiros há consecução.” (Provérbios 15:22.)

Conselheiros, porém, são falíveis e, pior, em alguns casos apenas se aproveitam da confiança que desfrutam para atingir objetivos que nem sempre são os perseguidos por quem busca sua orientação.

Na situação em que se encontram, por exemplo, os pré-candidatos neste ano de 2016, é muito importante não apenas que eles conheçam bem aqueles que lhes aconselham, mas também que tentem entender as razões pelas quais certas orientações lhes são dadas. Por que isto é importante? Porque, em todos os casos, as motivações de quem aconselha são sempre a coisa vital a ser percebida. Um conselheiro com más intenções, um que apenas se aproveita dos ouvidos que lhe dão confiança, manipulando-os segundo suas astúcias, pode colocar tudo a perder.

Há conselheiros, por exemplo, que motivados por sentimentos de revanchismo, inveja, antipatia, orgulho e outros, aconselham em harmonia com o que sentem. Criam situações hipotéticas, citam palavras desconexas e fora de contexto, promovem meias verdades, difundem desentendimentos, disputas desnecessárias, insuflam desconfiança, dividem amigos e promovem todo tipo de artimanhas úteis apenas ao seus próprios intentos baixos.

O bom conselheiro, dessemelhante disto, é aquele que apresenta com honestidade sua visão da realidade, que não enfeita, não inventa números, nem dados, apenas para agradar quem lhe escuta. Corrige quando é necessário corrigir, elogia, prudentemente, quando o elogio é necessário ao ânimo para a luta. Não é bajulador.

Quem são, portanto, senhores e senhoras pré-candidatos e pré-candidatas, os seus conselheiros? Já pararam para pensar em quais talvez sejam as motivações para os conselhos que eles dão? Insistem seus conselheiros em lhes oferecer cenários e possibilidades irrealistas, induzindo-os a adotar posturas que não são suas, que não servem para levá-los, efetivamente, ao objetivo que almejam? Sentem apenas inveja ou raiva dos seus concorrentes e, por isto, induzem vocês a agirem como eles gostariam, e não necessariamente como seu projeto político requer? São perguntas que merecem consideração.

Confúcio já dizia que “não há coisa mais fria do que o conselho cuja aplicação seja impossível.” Suponho, no entanto, que ainda mais frio do que a aplicação impossível, é aquele conselho que, embora aplicável, propositalmente não leva aos resultados desejados por quem o conselho recebe, senão apenas ao que deseja aquele que o conselho dá.

Tenho notado – e por mera discrição prefiro não especificar, e nem sou obrigado a fazê-lo -, que alguns dos pré-candidatos estão dando ouvidos a conselheiros do tipo “camicases”. Desejando apenas a destruição das candidaturas de quem eles consideram inimigos, ou de quem, provavelmente, suponho, sentem algum tipo de inveja ou raiva, pouco se importam com a vitória daqueles a quem aconselham. Falam apenas para fortalecer um cenário em que a divisão é a palavra de ordem. “Perdem todos, mas fulano não ganha”, é o lema destes soldados enraivecidos.

Cada vez que tais conselheiros são ouvidos, perde-se progressivamente a oportunidade de se construir um projeto ainda mais robusto, potencialmente vitorioso, inclusivo, abrangente, e capaz de dar às pessoas o que elas precisam. Em contrapartida, na aposta de que na divisão seus inimigos não levam, sacrificam tais conselheiros no altar da má intenção os seus próprios aconselhados. Triste realidade. Mas é o que temos. E é com o que muitos pré-candidatos precisam ter o máximo de cuidado.

_____________

1975109_895395303833674_3941638773056511380_nPor Gooldemberg Saraiva




Deixe seu comentário

Os comentários do site Monólitos Post tem como objetivo promover o debate acerca dos assuntos tratados em cada reportagem.
O conteúdo de cada comentário é de única e exclusiva responsabilidade civil e penal do cadastrado.